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Mostrando postagens de agosto, 2021

A Nova Esquerda: Radical e Contra o Povo

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Por Felipe Quintas Diferentemente da direita, que, antes do bolsonarismo, sempre cultivou a autoimagem de ser moderada e transigente (ainda que muitas vezes fosse o contrário disso), a esquerda sempre referenciou sua identidade pelos seus elementos mais radicais.  Daí que, por muito tempo, propostas reformistas bastante avançadas, e que hoje seriam consideradas até "extremistas", como a CLT, a Lei da Usura e o Estatuto do Trabalhador Rural, eram rotuladas de "conservadoras", pois a "verdadeira esquerda" seria revolucionária e não faria menos do que nacionalizar todas as transnacionais do país e abolir a grande propriedade privada, sem qualquer diferenciação.  Não era raro, inclusive, que fosse a direita quem buscasse suas referências nos Estados de bem estar social estrangeiros - como Castello Branco ao criar o INPS com base no ATP sueco e Costa e Silva ao dizer que a social-democracia norueguesa era o seu modelo de desenvolvimento - enquanto,

A Deterioração Estrutural do Poder Norte-Americano e seu Impacto no Sistema Internacional

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por Marcelo Gullo A partir do fim da Guerra de Secessão (1865) existiu, nos Estados Unidos, uma perfeita harmonia entre os interesses do Estado norte-americano e os da alta burguesia industrial norte-americana. Uma aliança que, logo após a Guerra de Secessão, pôs em marcha um grande processo de industrialização impulsionado pelo Estado e protegido da competição externa por fortes restrições tarifárias, alfandegárias e subsídios, tanto encobertos como escancarados. Este processo de industrialização gerou uma enorme imigração europeia para os Estados Unidos, retroalimentando um mercado interno em criação e crescimento permanentes e gerando um verdadeiro "círculo virtuoso de crescimento", coisa que, por sua vez, consolidou ainda mais a união originária de interesses entre a alta burguesia e o próprio Estado norte-americano. Aquilo que era bom para a alta burguesia norte-americana era, também, bom para o próprio Estado norte-americano. A análise histórica objetiva não deixa dúv

A Soberania Ideológica em um Mundo Multipolar

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  Por Alexander Dugin A Rússia começou a recuperar a sua força e influência após o período de intensa crise dos anos 90, mas essa recuperação da Rússia tem se dado fundamentalmente no âmbito geopolítico. No âmbito ideológico, a Rússia continua seguindo um pragmatismo maquiavélico, esvaziado de princípios superiores. Esse é um defeito que a Rússia deve solucionar o quanto antes. A soberania geopolítica em um mundo multipolar não basta, é necessário adquirir soberania ideológica em relação ao liberalismo ocidental. No mundo moderno, um modelo multipolar está claramente tomando forma – quase tomando forma. Ele substituiu a unipolaridade que foi estabelecida após o colapso do Pacto de Varsóvia e especialmente da URSS. O mundo unipolar, por sua vez, substituiu o bipolar, no qual o campo soviético se opunha geopoliticamente e ideologicamente ao Ocidente capitalista. Estas transições entre os diferentes tipos de ordem mundial não aconteceram da noite para o dia. Alguns aspectos mudaram, mas o

Lírios Brancos Para as Tumbas dos Heróis

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Por Miguel Serrano - Em “Nem por mar nem por terra – A busca em uma geração”. Desde há anos, todos os dias 5 de setembro se efetua no cemitério de nossa cidade uma homenagem aos rapazes que foram massacrados na torre do Seguro Obrero. Também eram de nossa geração. Seus antigos camaradas lhes recordam nessa data. Faz alguns anos que fomos com um amigo neste dia ao cemitério. Na entrada deram-nos alguns lírios brancos. Caminhamos pelos tranquilos caminhos. O ruído de nossos passos se perdia por entre os mausoléus e os verdes prados. Os lírios pareciam tochas de chamas brancas. Neste dia visitamos muitas tumbas. Recorda-o, amigo, Juan Dérpich? Fomos até seu camarada, Jaime Rayo, e ali deixamos um lírio. Estava muito alto, em uma tumba solitária. E depositamos também outro, junto ao rosto de pedra de Barreto. Depois, chegamos até o campo aberto, onde estão as tumbas pobres e aonde repousam os mortos do 5 de setembro de 1938. Ali, em frente ao monólito recordativo, estava Jorge González

A Democracia não precisa de Partidos políticos.

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Por Alexander Dugin O problema de realizar eleições democráticas na Rússia é que a ideia de democracia representativa, e especialmente de democracia representativa baseada em partidos políticos, é completamente estranha à cultura e tradição política russas. Por outro lado, a democracia direta do zemstvo(1), isto é, na eleição dos chefes das aldeias e, antes do cisma, dos párocos, têm uma longa história na Rússia. Durante os períodos mais conturbados - como no final da Era da Instabilidade (2) - foi o povo que escolheu o czar e fundou uma nova dinastia. E antes disso, o povo havia decidido criar milícias populares, principalmente com a formação do segundo exército popular, que salvou o país. No entanto, os russos nunca criaram partidos políticos e apenas elegeram pessoas que consideravam suas ou amigos e seres humanos em quem confiavam. Então, eles escolheram indivíduos e não grupos. A tradição russa é baseada nas relações pessoais e são esses personagens que fazem política. As pessoas

O Império Do Fim - Uma Breve Introdução a Jean Parvulesco

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Artigo de Autor desconhecido Jean Parvulesco não é um nome exatamente familiar no Ocidente. Todos os seus livros continuam sem tradução do francês, em grande parte, devido ao complexo e idiossincrático estilo de prosa que eles contêm. Parvulesco é um mistério vivo da literatura europeia. Místico, poeta, romancista, crítico literário, conhecedor de intrigas políticas, revolucionário, amigo e confidente de muitas celebridades europeias da última metade do Século XX (de Ezra Pound e Julius Evola, à Raymond Abellio e Arno Breker), sua verdadeira personalidade continua um mistério. Um romeno que escapou para o Ocidente nos anos de 1940, ele se tornou um dos mais brilhantes estilistas franceses da prosa e poesia contemporânea. Mas não importa o quão diferentes fossem seus trabalhos, de estrofes tântricas e complexos romances ocultos, à biografias de amigos eminentes (em particular “Sol Vermelho de Raymond Abellio”), o seu verdadeiro chamado era – “visionário”, contemplador direto e inspirado