Consulado dos EUA Comprova: Os Crimes e Violações Internacionais do Império Brasileiro

Consulado dos EUA no Rio Grande do Sul durante a Revolução Farroupilha e os crimes e violações internacionais do império brasileiro em cinco despachos oficiais. 

Escrito por Tche Voni

1. Trecho do despacho oficial sobre o início da revolta:
 
Porto Alegre, 7 de dezembro de 1835, ao Excelentíssimo John Forsyth, secretário de Estado dos Estados Unidos, em Washington.Os ânimos políticos nesta Província estão há já algum tempo muito violentos e em 20 de setembro passado explodiram em uma revolução encabeçada pelo Coronel Bento Gonçalves da Silva, cujos partidários tem agora a completa possessão da Província.
Ass.: Austin Haÿes, Consul.

Conclusão sob meu olhar Farrapo: Este despacho Confronta a historiografia oficial caramuru, pois o descontentamento com a política Centralizadora do Rio de Janeiro era latente ao ponto de se tornar violenta bem antes da Tomada de Porto Alegre; E que o Vinte de setembro não foi um fato isolado da capital com a tomada de uma Ponte, nesta verdade documentada a Província foi completamente tomada! 

2. Trecho do despacho oficial sobre a vontade popular dos gaúchos se separarem:

Vice Consulado dos EUA, na cidade de Rio Grande, 17 de julho de 1836. ao Excelentíssimo John Forsyth, secretário de Estado dos Estados Unidos, em Washington.

Em virtude de distúrbios políticos, não temos contato com o porto de Porto Alegre a dois meses e é imprevisível o quanto esta falta de contato irá perdurar. Faz agora seis meses que a embarcação Brique Toucan, de Boston, partiu, sendo este o ultimo navio mercante autorizado pelo Império brasileiro a prosseguir para cá, entretanto foi dada uma ordem pelo Governo Central no Rio de Janeiro de fechar a alfândega. Porto Alegre está sitiada por terra e água pelas forças Farroupilhas.

A população envolvida nesta revolta contra o governo imperial não corresponde a selvagens. São os habitantes em vários casos muito respeitáveis, suas ideias tornam-se cada dia mais republicanas e se o império não for capaz de coibir logo, é provável que eles declarem sua separação. Seu contingente é aumentado por um grande número de mulatos, meio índios, meio brancos.
Ass.: Ralph Peacock, Vice Consul.

Conclusão sob meu olhar Farrapo: Este despacho do outro cônsul também confronta a historiografia oficial caramuru, quando testemunha que a separação e independência será inevitável, dois meses antes, ou seja Antônio de Souza Netto não foi precipitado ao proclamar a República Rio-Grandense, ele apenas cumpriu o desejo do Povo gaúcho!
 
Curiosidade histórica: John Griggs o comandante do Barco Rio-grandense Seival, era comandante da embarcação mercantil Brique Toucan, de Boston, deixando seu comando para integrar a Marinha da República Rio-Grandense e navegando brilhantemente pelos bancos de areia da Lagoa dos Patos em seus ataques aos imperiais. Mais conhecido como João Grande, que lutou bravamente e morreu em Laguna em 1839 servindo ao Povo gaúcho. A ele nosso eterno respeito. 

3. Trecho do despacho oficial, após a proclamação da República Rio-Grandense o império brasileiro tira direitos dos cidadãos Americanos, promove atrocidades não respeitando os direitos civis e diplomáticos internacionais:
 
Rio Grande, 16 de Setembro de 1836, ao Excelentíssimo John Forsyth, secretário de Estado dos Estados Unidos, em Washington.
 
É com extremo pesar que devo comunicar que os distúrbios chegaram a este ponto, uma contra revolução por parte do império brasileiro ocorreu em Porto Alegre, a qual tem havido cenas de derramamento de sangue e atrocidades, das quais fui testemunha ocular. Fui feito prisioneiro no dia 19 de setembro passado e colocado em cela comum, tendo sido desde então obrigado a ficar em minha casa por dois meses, ameaçado de morte se aparecesse nas ruas. Sobre estas circunstâncias tive que deixar meu posto e amanhã devo partir para o Rio de Janeiro e prosseguir imediatamente para os Estados Unidos a fim de apresentar um Relato ao nosso Governo em nome dos cidadãos americanos que aqui vivem, comerciantes, etc... procurando reparação pelos insultos recebidos através de medidas injustas, ilegais e primárias usadas pelo Governo Brasileiro.
Austin Haÿes. 

Conclusão sob meu olhar Farrapo: Neste despacho temos a comprovação documentada pelo testemunho de um cônsul neutro a causa, provando que o império brasileiro era tirano e nefasto, não respeitando a soberania diplomática de uma nação, a legislação internacional e principalmente os direitos civis.

4. Trecho do relato oficial que comprova o desrespeito do império brasileiro perante a legislação internacional sobre crimes de violações das Leis das Nações:
 
Por meio deste Instrumento Público de protesto, que fique sabido e manifesto a todos os presentes ou a quem interessar possa, que os seguintes fatos ocorreram recentemente a mando do comandante das forças nesta cidade e sob a bandeira de sua Majestade Imperial Dom Pedro II, Imperador do Brazil, em direta Violação às Leis das Nações.
 
Que minha casa foi invadida por força armada no dia 17 passado e que todos os quartos foram rigorosamente revistados. Na manhã do dia 19, um corpo de homens armados novamente minha casa e declarou-me prisioneiro, sem qualquer ordem ou justificativa escrita, sem motivos, sem que eu tivesse o direito de defesa, protestei permanecer na casa, assegurando minha intenção de morrer a deixar que a bandeira do meu País fosse degradada, sem armas com as quais eu pudesse defender a força e os maus tratos às mulheres e crianças que haviam procurado refúgio em minha casa. Fui forçado a render-me e pela primeira vez em minha vida, entrei em uma cela de prisão. Após algumas horas o Visconde João Castro e o Brigadeiro Carneiro queriam que eu assinasse um requerimento. Recusei-me, dizendo que antes de dar qualquer satisfação ao império que insultou a bandeira americana pelo qual meus avós lutaram e sangraram, um de seus descendentes preferia a morte! 
 
Retiraram-se dizendo que não seriam responsáveis por minha vida, o que repliquei “ Minha vida é insignificante comparado com a honra do meu país”. Recebi fuga pelo amigo Marechal João de Dios Menna Barreto. E considerando que tais procedimentos são em todos os sentidos injustos e ilegais, eu por meio desta, protesto solenemente contra o Governo brasileiro e contra as autoridades que governam a Província de Rio Grande São Pedro do Sul. Em testemunho do que aqui ponho minha assinatura, neste ano de 1836 e sexagésimo da Independência dos Estados Unidos.
ASS: Austin Haÿes, Cônsul dos Estados Unidos da América. B

Conclusão sob meu olhar Farrapo: O brazil não tem moral, nem idoneidade para acusar os gaúchos de bárbaros, mercenários ou rebeldes, este Relato testemunho oficial é instrumento fidedigno que comprova a covardia dos tiranos imperiais, violando os direitos humanos e das nações, como pode este país ainda hoje ocupar uma cadeira dá UN (ONU), sendo que os verdadeiros precursores dos direitos de Liberdade, Igualdade e Humanidade até hoje são prisioneiros do brasil! (É hediondo o fato dos imperiais estuprarem viúvas e crianças dos farrapos que estavam refugiadas no consulado dos EUA). 

5. Trecho do despacho oficial, já no Rio de Janeiro sobre a violação brasileira do Tratado internacional e pedido de apoio militar:

Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1836, ao Excelentíssimo John Forsyth, secretário de Estado dos Estados Unidos, em Washington.
Senhor!
 
Minhas Cartas dar-lhe-ão alguma ideia dos ultrajes que foram cometidos às pessoas e propriedades pelo governo brasileiro, a desconsideração dos sagrados direitos da hospitalidade, da violação de um tratado com potência amiga e o insulto degradante e imperdoável oferecido à bandeira americana pelo vil aprisionamento de seu representante oficial!n
 
Como espero estar em Washington em breve, não será necessário entrar agora em maiores detalhes sobre os acontecimentos depois que fui levado a prisão; das repetidas invasões a minha residência, não omitindo nem o escritório consular, da linguagem abusiva, dos insultos, das tentativas de assassinado dos cidadãos americanos nas ruas e etc... sob essas ações ilegais ressaltou a urgente necessidade de um ou dois navios de guerra para assegurar os direitos civis em Porto Alegre e no Porto de Rio Grande, pois nossa bandeira não é mais considerada uma proteção. 
ASS:
Austin Haÿes

Conclusão sob meu olhar Farrapo: Neste último despacho que vos apresento, constatamos a preocupação do Representante de Nação estrangeira, quanto aos direitos civis e violação do tratado internacional, onde a bandeira de outra pátria não representa mais nada perante o domínio imperial. É tão sério que o cônsul pede apoio militar para proteção dos seus patrícios. Enfim se os EUA não tinham proteção nas terras gaúchas invadidas pelo império, que dirá nossa República Rio-Grandense mantida no toco da água com muita honra! 

Enfim a verdade sobre a pátria Rio-Grandense vem à tona através das entrelinhas dos documentos de quem viveu como testemunha as barbáries do Império, não sendo confiável mais nenhum livro da historiografia oficial brasileira que continue tratando o povo gaúcho Rio-grandense como bárbaros, mercenários e rebeldes.

Em nome da minha eterna pátria a República Rio-Grandense e do meu Povo que morreu nas barbáries do império brasileiro agradeço ao Excelentíssimo Austin Haÿes, Cônsul dos Estados Unidos da América, por ter deixado para esta geração documentos fidedignos que comprovam a verdade.  

Fonte: Dispatches from United States Consuls In Rio Grande 1829/1841



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