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Pensando o Caos e o “outro começo” da Filosofia

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Por Alexander Dugin O caos não fazia parte do contexto da filosofia grega. A filosofia grega foi construída exclusivamente como uma filosofia do Logos, e para nós tal estado de coisas é tão normal, que nós (provavelmente corretamente do ponto de vista histórico) identificamos a filosofia com o Logos. Não conhecemos nenhuma outra filosofia e, em princípio, se acreditarmos em Friedrich Nietzsche e Martin Heidegger junto com a filosofia pós-moderna contemporânea, teremos que reconhecer que a própria filosofia que foi descoberta pelos gregos e construída em torno do Logos esgotou hoje completamente o seu conteúdo. Encarnou-se em techne, na topografia sujeito-objeto que acabou por ser evidencial por apenas dois ou três séculos até a nota final e poente da filosofia da Europa Ocidental. Na verdade, hoje estamos na linha ou ponto final dessa filosofia do Logos. Hoje, podemos vislumbrar todo o processo de evolução da filosofia logocêntrica que começou com Heráclito e os pré-socráticos, atingiu

Barão Ungern: O Deus da Guerra

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Por Aleksandr Dugin  (1997) Petrogrado, 1920. Felix Edmundovich Dzerzhinsky está terminando um relatório para o camarada Lênin: "Parece que Ungern é mais perigoso que Semenov. Ele é teimoso e fanático. Esperto e impiedoso. Ele ocupa posições-chave em Dauria. Quais são suas intenções? Atacar Urga na Mongólia ou Irkutsk na Sibéria? Dar a volta para Harbin, na Manchúria, e depois para Vladivostok? Marchar sobre Pequim e restaurar a dinastia manchuriana ao trono chinês? Seus planos monárquicos são ilimitados. Mas uma coisa é clara: Ungern está preparando um golpe. Ele é nosso inimigo mais perigoso até hoje. Destruí-lo é uma questão de vida ou morte". Dzerzhinsky anexou ao seu relatório ao Soviete Supremo um trecho de uma carta que havia caído nas mãos de partisans siberianos: "O Barão pronuncia as palavras 'commissário' e 'comunista' com ódio, muitas vezes acrescentando 'será enforcado'. Ele não tem favoritos, ele é excepcionalmente firme, inflexível

O Fator Metafísico no Paganismo

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por Aleksandr Dugin (1990) Essas tradições que é costume chamar de "pagãs" são caracterizadas não tanto por um politeísmo real, mas por um imanentismo que permeia todos os seus aspectos. Na opinião das religiões monoteístas, a pecaminosidade teológica do "paganismo" é óbvia: ele ignora (seja consciente ou inercialmente) o princípio transcendente e apofático (isto é, formulado em termos negativos), cujo reconhecimento e culto incondicional constitui a condição sine qua non do monoteísmo. Entre as três religiões monoteístas, o judaísmo e o islamismo se agarram a esta linha de forma totalmente consistente, enquanto o cristianismo de sua parte dá passos significativos na outra direção ao afirmar que a figura central de seu culto e dogma é a hipóstase imanente do Divino, Deus, o Filho. Ao mesmo tempo, os cristãos também herdaram a argumentação abraâmica dos outros ramos do monoteísmo contra os "pagãos". No entanto, em nossa opinião, seria errado reduzir tod

Compreendendo a “vida nua”

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  Uma grande metrópole, como referencia a um campo de concentração sem cercas. Por Alexander Dugin A sobrevivência é o conceito mais importante para Spinoza. Para ele, sobreviver está associado à duração e vida, como a habilidade de preservar a própria identidade por um dado período; habilidade = força. Para Deleuze, ecoando Nietzsche, força = vida; sobreviver é persistir em durabilidade, perseverar. A vontade de durar. O sobrevivencialismo é um estilo de vida focado em uma única missão – sobreviver, que quer dizer, vida pela própria vida, força pela própria força. Agamben, ao analisar o conceito schmittiano de “estado de exceção” (Ernstfall), chega ao conceito de vida nua. Este é objeto sobre o qual a dominação completa é estabelecida pela vontade de poder absoluta, que atingiu a máxima pureza de sua soberania. Agamben vê um exemplo primaz disso na população dos campos de concentração. Lá, todos perseguem o mesmo objetivo – sobreviver. Isso é a vida nua – sem ambições verticais, c