Solsticio de Inverno
por Juan Pablo Vitali
Existem coisas antes das explicações. Sucessivas experiências de sangue, que viajam sem a necessidade de bagagem ao longo dos milênios.
Não são os intelectuais ou as ideologias que expressam o mito e sacodem o peso do tempo para não limpar o tempo.
As tribos e clãs não escreveram o manifesto do sangue, suas leis e seus segredos.
Todo solstício de inverno, o frio esconde o que todos esqueceram. Enquanto outros buscam explicações, razões e argumentos racionais, estruturando teorias absolutas inatacáveis, o sol fala outra língua.
O sol fica entorpecido enquanto o sangue repousa em sua sombra. Algumas fogueiras são acesas onde não há olhares estranhos e os deuses convidados não são estranhos.
Neste solstício estou entrando em mais um inverno veterano, nas terras da saudade e da memória volátil, onde a semente mais velha de todas germina.
Quem serão meus camaradas de solstício? Onde é o lugar exato, onde posso encontrar aquele fogo que é como um espelho que reflete meu sangue?
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