O Império Do Fim - Uma Breve Introdução a Jean Parvulesco
Artigo de Autor desconhecido
Jean Parvulesco não é um nome exatamente familiar no Ocidente. Todos os seus livros continuam sem tradução do francês, em grande parte, devido ao complexo e idiossincrático estilo de prosa que eles contêm. Parvulesco é um mistério vivo da literatura europeia. Místico, poeta, romancista, crítico literário, conhecedor de intrigas políticas, revolucionário, amigo e confidente de muitas celebridades europeias da última metade do Século XX (de Ezra Pound e Julius Evola, à Raymond Abellio e Arno Breker), sua verdadeira personalidade continua um mistério. Um romeno que escapou para o Ocidente nos anos de 1940, ele se tornou um dos mais brilhantes estilistas franceses da prosa e poesia contemporânea. Mas não importa o quão diferentes fossem seus trabalhos, de estrofes tântricas e complexos romances ocultos, à biografias de amigos eminentes (em particular “Sol Vermelho de Raymond Abellio”), o seu verdadeiro chamado era – “visionário”, contemplador direto e inspirado das esferas espirituais, aberto ao escolhido por trás da aparência sombria e trivial do mundo profano contemporâneo.
Ao mesmo tempo, Parvulesco nada tem em comum com os
representantes vulgares do “neo-misticismo” contemporâneo e todas as suas
falsas ramificações. A visão de Parvulesco é sombria e trágica: ele não tem
absolutamente nenhuma ilusão à respeito da natureza diabólica e infernal do
mundo contemporâneo (neste sentido, ele é mais provavelmente um
tradicionalista). Ele é completamente alheio ao otimismo infantil dos
teosóficos e ocultistas, e da “visão” pseudomística da Nova Era. Mas
diferentemente de muitos tradicionalistas de temperamento “acadêmico”, ele não
se limita à proclamação cética sobre a “crise do mundo moderno” e à condenação
vazia e marginal da civilização materialista do final do Kali Yuga.
Os textos de Jean Parvulesco estão cheios do Sagrado, que
fala diretamente através de uma estranha revelação, quase profética e parecida
com sonhos, “uma visitação”, vazando pelas esferas superiores através das
energias escuras que são a norma na psique coletiva atual. Parvulesco é um
verdadeiro visionário, ideologicamente preparado e suficientemente profundo
para não aceitar os primeiros fantasmas da realidade sutil ao se deparar com
“mensageiros da luz”, mas ao mesmo tempo, forçando ao limite sua intuição, de
forma perigosa e arriscada para uma “viagem interior”, ao “centro do Lado
Negro” da alma moderna, sem medo de ir além das normais fixadas pelos dogmas
racionais (daqui se originam os paradoxos de vários níveis que enchem os livros
de Parvulesco).
A mensagem de Parvulesco pode ser definida dessa maneira: “O
Sagrado desapareceu da realidade cotidiana do mundo moderno, e é completamente
óbvio que nós vivemos no “Fim dos Tempos”, mas o Sagrado não desapareceu (já
que não pode desaparecer teoricamente, pois é eterno), foi transferido para uma
projeção noturna, invisível que agora está pronta para descer ao cosmos físico
humano, num terrível e apocalíptico momento do apogeu da história, num ponto em
que o mundo que esqueceu de sua natureza espiritual e a renegou, será forçado a encontrá-la em um lampejo brutal da
Revelação.” Enquanto isso não acontecer, e a humanidade pacificamente dormir em
suas ilusões sombrias e materialistas, apenas s escolhidos, visionários membros
de uma irmandade secreta, a Ordem Apocalíptica, se mantêm acordados,
secretamente preparando caminhos para a vinda da Última Hora, o “Reino
Celestial”, o Grande Império do Fim.
No começo era conspiração
Parvulesco afirma clara e paradoxalmente ao mesmo tempo, que
a realidade possui uma natureza fundamentalmente dualista. Todos os trabalhos
de Parvulesco podem ser resumidos como uma tentativa de entender a Dualidade e
os processos necessários para resolver todas as polaridades e resultar na
“Europa do Fim”:
“Esta única pergunta libertadora: quando o tempo chegar (e
ele já está aqui), as nações européias irão encontrar, nos seus mais profundos
seres, a realidade flamejante da “nação anterior à todas as nações”, e o legado
transcendente da “nação Indo-europeia” das nossas origens anteriores? (Le
Spirale Prophetique).
Agentes secretos do Ser e da Não-Existência aparecem em
todas as principais esferas de controle do mundo moderno, ditando o rumo de
todos os processos da civilização. A história resulta da supra imposição de um
polo da Dualidade, enquanto os vetores energéticos de duas redes ocultas,
formam a malha da atual história concreta. Generais e terroristas, espiões e
poetas, presidentes e ocultistas, Padres da Igreja e hereges, mafiosos e
ascetas, maçons e naturalistas, prostitutas e santos divinos, artistas de
bordel e ativistas de movimentos operários, arqueólogos e falsificadores –
todos eles são apenas atores obedientes de um drama conspirológico saturado – e
quem sabe qual identificação social abiga um alto Iniciado? Frequentemente um
mafioso ou um mendigo acontecem de ser os curadores de um presidente ou do
Papa, e um líder militar ou um banqueiro acabam agindo como fantoches de uma
poeta de bordel, que por trás de sua grotesca e fantástica personalidade,
esconde-se um frio guru e arquiteto da história política bruta.
Contra os Demônios e a Democracia
“Estrela de um Império Invisível” é o último grande romance
de Parvulesco. Nele, os tópicos de livros anteriores se entrelaçam. O trabalho retrará a
meta-história transcendente, da qual o nosso autor é um cronista, se aproximando
de sua resolução final. Aqui um resumo: Por todo o planeta, especialmente na
França e em Portugal (e também no Peru e no México) – todos pontos da
“acupuntura mágica oculta” do Ocidente -, agentes da não-existência constroem
pirâmides negras, objetos físicos e suprafísicos, designados para suportar a
penetração de energias demoníacas, hordas de Gogues e Magogues. Este projeto
apocalíptico possui um nome secreto, o “Projeto Aquarius”, já que, de acordo com
o simbolismo astrológico, a Era de Aquarius, que traz consigo não felicidade e
harmonia (como os “agentes da Não-Existência” estão tentando convencer as
pessoas), mas a desintegração, a podridão, o caos e a morte, “dissolução nas
águas inferiores”, está prestes a ocorrer.
O herói de “A Estrela de um Império Invisível”, Tony
d’Antremont, retrata o começo da “Era de Aquário” da seguinte maneira: “Eu
vejo, juntamente com Lovecraft, a modelação de enormes massas lamacentas, se
movendo em intermináveis ondas, pisando sobre as últimas estruturas cristalinas
das elites espirituais; eu estou olhando, na impotência extática do meu
despertar alucinante, para a cintilante espuma negra, a espuma de desintegração
negra, o terror do fedor democrático e dos assustadores órgãos destes cadáveres
convulsivos, em que – na maquiagem das vadias sujas com um sorriso enganador,
na sorriso de praias californianas dos antifascistas europeus, nos sorrisos de
putas manequim em vitrines oscilantes (como eu definiria) – estão preparando a
nossa derrota final, nos levando para um destino que eles mesmos não conhecem,
ou, mais precisamente, conhecem muito bem, e, no caminho até lá, sugam
prazerosamente a nossa medula óssea; este
é o manto alucinante de chumbo dos Direitos Humanos, esta descarga fecal
vomitante do Inferno, embora falando assim, eu insulte o Inferno.”
Os servos de “Aquarius”, abrindo caminho no mundo humano
para “couraças” negras do crepúsculo contemporâneo, estão tentando apresentar o
seu advento antinatural como uma benção, uma salvação, como o limite da
evolução, escondendo a sua verdadeira natureza, Vomitto Negro (Vômito Negro),
por debaixo de palavrinha pegajosas, políticas e espirituais, New Age e da Nova
Ordem Mundial.
Mas contra Aquarius, no qual a totalidade terrível do
potencial “megagalático” de redes de Não-Existência, encontrando sua encarnação
final na “Nova Ordem Mundial” se concentra, lutam os representantes de uma
ordem ocidental secreta, Atlantis Magna. Um papel especial nos rituais dessa
ordem é cumprido pela Mulher, conhecida sob o nome místico Licorne Mordore, ou
“o unicórnio marrom-avermelhado”. Na realidade física ela leva o nome de Jane Darlington. Mas a verdadeira persona
dessa mulher, vai principalmente além dos limites da individualidade. Mais
corretamente, ela representa em si mesmo alguma função sacra, dividida entre
todas as mulheres da ordem, em quem as relações pessoais e diárias entre si,
refletem uma hierarquia ontológica d ser em si (uma corresponde ao espírito,
outra à alma e uma terceira à carne). Os Homens da Ordem, incluindo o
personagem principal, Tony d’Antremont, também dificilmente são indivíduos num
sentido estrito: mortes e adultério, a descrição que enche o romance, ilustra a
essência especialmente funcional dos personagens principais; a morte ritual de
um deles apenas intensifica as atividades conspiratórias de outro, e suas
esposas, no processo de cometer o adultério, descobrem que, em essência, ela
continuam leais a um único e mesmo ser. Então, Atlantis Magna tece suas teias
continentais para lutar contra a conspiração de Aquarius: esta teia é
finalizada um um nível transcendente superior, uma realização ritual tântrica
de Ocorrência escatológica, conectada com a aparência do arquétipo do
Consolador e da Esposa. Apenas neste nível é possível derrotar os construtores
das “pirâmides negras”. A preparação e a organização do misterioso ritual do
“círculo vermelho”, compõe a parte principal da trama. Os membros da Atlantis Magna,
no caminho para este procedimento, fazem viagens simbólicas, analisam textos
místicos, trabalham para achar as verdadeiras causas de transformações
políticas, pesquisam estranhos aspectos
da história de algumas antigas famílias europeias, decifram ideias esotéricas
(que vazam nos tabloides), toleram relações românticas e eróticas, experienciam
tentativas de assassinato, caem vítimas de sequestros e torturas, mas a
totalidade do corpo concreto desse cativamente, quase policial romance, é, em
realidade, uma leitura ininterrupta e
uma clarificação da realidade visionária interconectada dos Eventos Finais da
História, o aparecimento do Grande Império Eurasiano do Fim, Regnum Sacrum ou
Imperium Sacrum, reflexos que podem ser vistos em todos em todos os aspectos do
mundo moderno.
Ao nível politico da conspiração, os heróis do romance
também agem agressiva e decididamente. Resistência espiritual ao “New Age”,
neo-espiritualismo, para os
representantes dos quais (de Alice Bailey até Chardin e Sai Baba), Tony
d’Antremont oferece o estabelecimento do projeto de uma “super prisão
oculta” para a resistência política da
“Nova Ordem Mundial”, americanismo e liberalismo, o que força os agentes do Ser
a tecer redes de conspiração planetária com a participação de todas as forças
políticas opostas ao mundialismo. Grupos subterrâneos, social-revolucionários e
membros de outros grupos que já não mais existem, descendentes de famílias
aristocráticas que sentem ascos pela “democracia”, desejando secretamente por
um fim da época liberal, membros da máfia italiana, Gaullistas e admiradores de
Franco, revolucionários do Terceiro Mundo, xamãs da América e da Ásia, líderes
comunistas, banqueiros alemãos – todos se tornam participantes no projeto
geopolítico direcionado para recriar o Império Eurasiano final. Intrigas
diplomáticas, viagens ao exterior, conversas confidenciais e a coleta de dados
compõe o aspecto político da conspiração dos “agentes do Ser”, e como um enlace
especial do sujeito do romance, supra imposto por conversações ocultas e longos
monólogos esotéricos dos personagens.
O romance de Parvulesco não segue a lógica tradicional de um
conto terminado.
É significativo que ele termina com uma meia palavra na
página 533. Toda a trama precedente vê o leitor se fechar no desenrolar
escatológico da guerra oculta, mas... É aqui que o mundo literário acaba e a
verdadeira realidade toma seu lugar. A maioria dos personagens no romance são
figuras históricas, algumas que já morreram, outras ainda vivas. Livros e textos
citados neste conto realmente existem. Muitos episódios e lendas recontadas
também não foram inventadas (apesar de várias serem ficção). Detalhe significativo:
a maioria dos nomes citados são colocados com datas de nascimento e morte.
Depois de ler “A Estrela de u Império Invisível”, uma questão surge
naturalmente: O que nós acabamos de ler? Um romance? Uma ficção? Uma fantasia?
Literatura surreal? Ou talvez um tratado esotérico?
Ou a revelação real do sentido escondido da história contemporânea, visto da posição
da plenitude metafísica no volume todo, para o outro lado das alucinações, no
qual, em efeito, consiste de assunções corriqueiras e banais, que não explicam
nada e estão tão longe da verdade como se imagina?
O próprio jean Parvulescu descreve seu romance: “um romance
de iniciação muito secreto e perigoso, onde o Amor Absoluto oferece sua arma
final ao Poder Absoluto, e estabelece a base oculta para o futuro Grande
Império Eurasiano do Fim, que significará o Reino Celestial, Regnum Sanctum”.
Nada mais e nem menos.
Os agentes do Continente interno estão despertos. Já aparece
no céu da noite da nossa repugnante civilização, uma Estrela mágica, anunciando
a transformação do Interno em Externo, que se aproxima. Esta é a Estrela de um
Império Invisível, o Império de Jean Parvulesco...
“Soldados já perderam em uma guerra que se torna mais total que nunca, mais oculta que nunca, nós carregamos nos limites desse mundo as armas espirituais e os mais enigmáticos destinos da honrarias militares do além. Nas fileiras, tanto visíveis quanto invisíveis, da Ordem Negra da qual pertencemos, aqueles que foram atingidos pela morte, marcham lado a lado com aqueles que ainda estão de pé”.(La Conspiracion de Noces Polaires).
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