Entrevista à Guillaume Faye
Por Christian Bouchet
Entrevista realizada por Christian Bouchet para a revista
Jeune Resistance, nº22, Primavera de 2001. BP 13, 06301 Nice CEDEX 04, França.
Provido de um espírito clarividente e de uma escrita marcada
pela fluidez, Guillaume Faye é hoje uma figura incontornável nos meios
nacionalistas identitários Europeus. Partindo de uma acutilante análise dos
problemas imediatos que enfrenta a Europa, Faye traça um diagnóstico arrepiante
reservado, nos tempos vindouros, ao velho continente. Mergulhados na cegueira
da ideologia igualitária e cosmopolita, os europeus assistem passivamente à
colonização do seu território por massas alógenas, que contam com a altiva
colaboração dos sectores esquerdistas e com a complacência da direita, refém do
terrorismo mediático e intelectual. Assim, absorvidos por um etno-masoquismo
doentio, os povos da Europa parecem renunciar voluntariamente à sua identidade etnocultural,
à terra dos seus antepassados e a um grandioso destino comum.
Porém, segundo Guillaume Faye, ainda é possível travar a
inexorável marcha dos acontecimentos. A solução reside na fórmula resistência e
reconquista. Através dos seus escritos, Faye fornece aos resistentes
identitários autênticas munições ideológicas. Inspirado na vontade de poder
Nietzscheana, reformulou todo o pensamento nacionalista, há muito absorto ora
num intelectualismo estéril, ora na bazófia pseudorrevolucionária. A esse
pensamento denominou de radical, entendendo radical não como sinónimo de extremismo,
mas antes como fundamental. Assim, tendo como ponto de partida o pensamento
radical, Guillaume Faye estabelece a síntese entre o tradicionalismo e o
futurismo, entre Evola e Marinetti, em oposição ao conservadorismo decrépito e
ao modernismo em avançada decomposição, síntese essa que designa por
Arqueofuturismo.
Guillaume Faye é um ativista, na verdadeira acepção da
palavra, um homem que pensa como homem de ação e que age como homem de
pensamento. Frente a um sistema decadente e etnocida, Faye envolveu-se num
combate sem concessões, um combate que é de todos e de cada um de nós, o
combate pela identidade, pelo direito de sermos o que somos.
Você parece acreditar que a evolução lógica da imigração
conduzirá a uma guerra étnica. Não crê que o sistema será capaz de gerir a
situação e de a manter ao nível de uma “guerra étnica de fraca intensidade”?
É certo que o sistema é capaz, mas ele pode também ser
incapaz, tal como foi incapaz de gerir os fluxos migratórios ou de evitar a
implosão da educação nacional. Por outro lado, nós enfrentamos um Islão
abertamente conquistador (basta informar-se sobre aquilo que se prega nas
mesquitas e aquilo que se publica na imprensa interna muçulmana por toda a
Europa), e uma importante massa alógena imbuída de um espírito de vingança.
Além disto, assistimos atualmente à passagem de uma situação de acentuada
criminalidade a uma situação de guerra étnica iminente, que não tem somente um
carácter delinquente, mas político, com uma tolerância incrível das autoridades
para com os atos de violência exponencial dos alógenos.
Não é necessário que se dê uma explosão para que se chegue a
uma guerra civil total, do tipo guerra civil espanhola. Tudo depende da
percepção da população e essa é, de momento, muito baixa. Como tal, por razões
estruturais, eu acredito no desencadear de uma crise económica gigante na Europa
dentro de alguns anos, sinónimo da pauperização massiva, derivada da queda
demográfica: cada vez menos população ativa e cada vez mais reformados e
pessoas a viver de subsídio, onde se incluem os imigrantes. Isso conduz à
bancarrota do orçamento social. Foram as minhas longas conversas com Maurice
Allais, único prémio Nobel francês em economia, que me levaram a essa hipótese.
Enquanto os carrinhos de compras estiverem cheios, as desordens étnicas, mesmo
as de forte intensidade, não provocarão reações entre os autóctones. Mas a
conjunção de uma pauperização galopante e de uma guerra étnica iminente podem
levar àquilo que Carl Schmitt denominava ernstfall (caso de urgência ou de
ponto de ruptura). Mas fique bem claro que eu não sou um profeta. Estimo que
existem 50% de hipótese de uma guerra civil étnica eclodir até 2010, e que as
instituições, sobrecarregadas, serão incapazes de evitar. Atenção, não se pode
substituir o sistema, erro frequente nos meios radicais e no qual eu já caí. A
certos dos meus detractores, que me imputam um romantismo da catástrofe, eu
respondo duas coisas: 1) não se pode ter uma visão irônica e pacífica da
história, na qual as catástrofes seriam definitivamente banidas e geridas por
um sistema neoliberal, racional e hiper potente 2) a futurologia pode-se
enganar, mas também se pode não enganar. Zombou-se daqueles que, em 1910 e em
1938, previam uma guerra mundial, aqueles que, desde os anos 70, anunciavam a
queda da U.R.S.S, etc.
Essa mesma crença numa conflagração, uma guerra étnica,
não é ela desmobilizadora? Não é uma nova versão dos mitos de “suspense” em que
a Direita Nacional está recheada? Após ter aguardado pela tomada do poder pelo
exército, o despertar da maioria silenciosa, etc. Vamos agora esperar pela
guerra étnica que nos trará a vitória?
Uma vez mais, uma objecção clássica, mas não válida.
Enunciar as probabilidades nunca é desmobilizador. O que é desmobilizador é o
discurso liberal de que tudo vai bem, tudo será resolvido, durmam em paz meus
amigos. Ou o facto de minimizar as consequências da conjunção catastrófica da
nossa submersão étnica e da invasão pelo Islão. Ao inverso dos intelectuais de
direita que dissertam sobre pecadilhos ou que contam a sua vida enquanto o fogo
devora a casa, eu falo de coisas bem reais e urgentes, de um elevado número de
perigos que se desenrolam sob os nossos olhos de modo avassalador. A tomada de
poder pelo exército ou o despertar da maioria silenciosa foram especulações
fantasmagóricas e abstratas. Pelo contrário, a guerra civil étnica é uma possibilidade
sociológica extremamente séria, e que é prevista e temida por muitos
observadores franceses e estrangeiros que não têm nada de direita. Aliás,
certos protagonistas já não o ocultam. Eles falam abertamente da conquista
política, religiosa e étnica da Europa. Mais, eu nunca disse que a guerra
étnica nos trará a vitória, nem que eu me regozijo por tal. Simplesmente disse
e escrevi (o que me valeu, entre outras coisas, um processo, prova de que o
sistema não é estúpido e reprime as verdades incómodas), que a guerra étnica
era uma das eventuais hipóteses para resolver a quente o problema que todos
conhecemos e que não se pode encontrar solução racional e pacífica a frio,
porque o ponto de não retorno já foi ultrapassado. Na história, é durante as crises
que as mentalidades oscilam. Entenda-se, não se trata de esperar de forma beata
e passiva essa confrontação (possível, mas não certa), como uma espécie de
milagre salvador! É preciso simplesmente preparar-se caso ela tenha lugar, mas
também caso não tenha lugar, isto é, neste problema há uma muito longa
resistência e uma reconquista. Nos dois casos a minha análise é mobilizadora e
positiva.
Você centra a sua denúncia da imigração sobre os
árabe-muçulmanos. Significa isso que você considera certas imigrações
preferíveis a outra, ou seja, você prefere um Tamil politeísta ou um Ruandês
católico a um Argelino muçulmano?
Objetivamente a imigração afro-magrebina muçulmana é aquela
que coloca mais problemas. Ela é de longe a mais numerosa.
O importante é compreender que a minha posição é etnista e
sociobiológica. Mais do que saber quem é o bom imigrante e o mau imigrante, eu
raciocino, tal como fazem um indiano, um árabe, um chinês ou um zulu: por
princípio, recuso que o germe do meu povo seja alterado, pois ele é a raiz da
civilização. Pode-se remediar uma aculturação, mas nunca a alteração da base
antropológica corroída pela mestiçagem e pela colonização alógena. A minha
posição incide em três pontos: 1) aprecio todos os alógenos desde que
permaneçam no seu próprio meio, não no meu. Eles próprios raciocinam da mesma
maneira! 2) toda a imigração massiva é nociva e perigosa para qualquer povo,
pois ela significa a gradual substituição de uma população biológica por outra,
o que, na realidade, se está a realizar sob os nossos olhos, basta olhar para
os números. 3) concretamente, a imigração-colonização mais perigosa está
relacionada com a mais numerosa, a dos afro-magrebinos muçulmanos, os mais
agressivos e conquistadores. Com isto não quero dizer que me congratule com a
chegada de politeístas ou de cristãos de outros continentes.
Ao enfatizar os danos provocados pelos imigrantes, não é
isso denunciar os efeitos sem denunciar as causas? Não julga que os verdadeiros
responsáveis desta situação são aqueles que fazem vir os imigrantes, ou seja, o
patronato no seu conjunto, mais do que os próprios imigrantes?
Essa objeção, muito frequentemente ouvida, carece de
sentido. Compreenda que nós raciocinamos pela urgência, o que não era o caso de
há vinte anos atrás. Estou de acorde que as causas da imigração-colonização se
encontram primeiramente em nós. E então? Quando o barco mete água você tem duas
soluções: colmatar a brecha ou fazer um inquérito para saber quem é responsável
pela entrada da água; quando a casa arde, você pode chamar os bombeiros ou
refletir sabiamente sobre as causas do incêndio. Escolha. É tão necessário
combater as causas como denunciar os efeitos.
Assim sendo, sou perfeitamente partidário de refletir sobre
as causas desta colonização populacional, o que aliás não paro de fazer quer
nos meus escritos, quer nos meus colóquios. Porém, não nos podemos enganar nas
causas! Chamo-vos a atenção que, desde há quinze anos, os novos colonos não são
angariados pelos patrões, não são os mais explorados, pelo contrário, são os
beneficiários, atraídos pelas nossas leis sociais e pela ideologia humanitária.
É preciso acabar com essa tese desonesta do imigrante-vítima, do
imigrante-escravo. Raciocinemos de modo político, como fazem todos os povos da
Terra que defendem o seu solo e o seu sangue, e não de modo moral. Na
realidade, e nesta matéria, combater a causa e efeito é rigorosamente a mesma
coisa, e esforço-me que assim seja, pois restituir aos europeus uma consciência
étnica, desembaraça-los das suas patologias humanitárias e comunitaristas, do
seu etnomasoquismo, da sua xenofilia, denunciar a cumplicidade de elites
manipuladoras neo-trotskistas ou ultraliberais, é evidente incitá-los à
resistência e à reconquista. Ora, é isto que não cesso de fazer! Eu denuncio as
verdadeiras causas e não as falsas causas e não me deixo impressionar, ao
contrário de muitos à direita, pelo mito do pobre-imigrante-que-nada-tem.
Decididamente, sempre preferirei Maquiavel aos soluços dos discípulos de
Bernanos…
Nas suas recentes obras denuncia veementemente a
homossexualidade masculina e feminina como componentes da decadência dos povos
europeus. Contudo, no seu livro Sexe et idéologie, editado pela Labyrinthe em
1983, você tinha uma posição muito “aberta” escrevendo, por exemplo, que preferia
“os pederastas, homossexuais e travestis” às “bichas”. Foi o seu pensamento que
mudou sobre este assunto ou foi a evolução do movimento gay que modificou o seu
ponto de vista?
Apenas os imbecis não mudam jamais de opinião, dizia Paul
Valéry. Ora, não sendo necessariamente um imbecil, mudei de opinião sobre este
assunto (tal como sobre o Islão, sendo um fervoroso apoiante nos anos 80 já não
o sou mais, face aos fatos e ao meu conhecimento do sujeito). Não tenho nada
contra os homossexuais, tal como não tenho nada contra os vegetarianos, os
colecionadores de cápsulas de garrafas de cerveja ou adoradores de
extraterrestres. Simplesmente constato que, de normais e legítimas
reivindicações de tolerância privada, os homos, por uma espécie de frustração por
já não serem reprimidos, reclama uma superioridade moral, o direito público à
diferença e, finalmente, os privilégios. É a hemofilia obrigatória, sinônimo
para mim, da desvirilização de uma sociedade. O Gay Pride (orgulho homossexual)
é um espetáculo aflitivo que indica não mais uma sociedade jovem e dinâmica,
mas uma sociedade decadente e fantasmagórica.
Há uma conjunção objetiva entre hemofilia, anti-natalismo,
etnomasoquismo e o feminismo das cotas. Já o disse inúmeras vezes que estou
longe de ser um puritano, uma vez que trabalhei há muito tempo em filmes
pornográficos.
A homossexualidade é um desvio que insulta a lei natural. A
esse título, ela pode ser tolerada na esfera privada, mas não pode ser na
esfera pública, nem adquirir um estatuto social.
A leitura dos seus livros não poderá conduzir logicamente
a uma reviravolta nas posições do meio nacionalista inspirado pela ND (Nouvelle
Droite- Nova Direita): abandono do apoio à política estrangeira do tipo
Gaullista e retorno a uma solidariedade ocidental dos “povos brancos”?
Você não está equivocado. Primeiramente, a Nova Direita
(isto é, o G.R.E.C.E, grupo de pesquisa e da civilização indo-europeia),
essencialmente três ou quatro intelectuais principais, uma publicação
trimestral e duas revistas anuais de fraca tiragem, não é mais do que a sobra
daquilo que era quando a abandonei em 1986: quebra de audiência e de difusão,
hemorragia de quadros, etc. A única influência política da ND foi a de tornar a
FN (Frente Nacional) antiamericana. O meio nacionalista não pode de todo
inspirar-se na ND na medida em que esta última não para de desprezar e
escarnecer dito meio com virulência (veja-se a esse propósito o mais recente
livro de Alain de Benoist), e pelo facto de ela desenvolver teses que são
objetivamente aquelas da segunda esquerda, o que, aliás, a coloca na corda
bamba em relação ao público, que a vai abandonando. Ela cópia totalmente as
posições do Monde Diplomatique, o qual admira abertamente, mas que não lhe
abona qualquer respeito. A ND cometeu o erro estratégico fatal de querer
tornar-se apresentável aos olhos da inteligência do sistema, através de uma
espécie de acentuação intelectualista. Resultado: perdeu os seus amigos, porque
as suas posições já não são dissidentes e o seu discurso pertence ao arco
político Co intelectual tolerado pela ideologia hegemónica. Ela tornou-se numa
falsa oposição, uma dissidência simulada.
As atuais teses da ND (que partilhei outrora quando era um
dos seus ideólogos oficiais, mas que agora renego) são invariavelmente as
mesmas desde há 25 anos e não correspondem absolutamente às questões dramáticas
de hoje em dia, nem à paisagem ideológica. Esta ND envelhecida analisa
erroneamente o mundo presente e futuro, paralisada pelos parâmetros
intelectuais da modernidade dos anos 60, que a continuam a fascinar. Esses
parâmetros consistem na recusa, sob diversas formas, do imperativo étnico e na
crença numa aldeia planetária, que será o futuro, com o comunitarismo, o
localismo e outras antigas manias, enquanto que, como demonstrei em
L’arqueofuturisme, o futuro será (como se está a verificar) um retorno dos
povos, das nações, dos blocos étnicos, de uma geopolítica de força! Dito isto,
eu elaboro uma crítica objetiva e não polémica desta ND canal história, que fez
um bom trabalho, mas que deverá meditar sobre a sua substituição por uma
segunda ND.
A ND, e reconhecendo-lhe alguns méritos, nunca deixou de ser
gaullista e pronuncia-se, tal como eu (é o nosso único ponto de convergência
sério), por uma Europa totalmente independente dos Estado Unidos e desligada da
OTAN, instrumento do seu imperialismo e da sua hegemonia. Sobre o Kosovo, por
exemplo, nós estivemos em pleno acordo. Pelo contrário, estou em profundo
desacordo com a ND no que diz respeito ao Islão, à imigração, à forma da Europa
futura, à economia, à ética, à geopolítica, etc. O meu objetivo é que o
conjunto do meio nacionalista (e para além dele) sigam as minhas novas
posições, o que, na verdade, está a produzir-se.
Estas são essencialmente:
1. Contra o princípio de uma Europa etnopluralista e
comunitarista, incluindo o Islã, mas por uma Europa etnocentrica, associada à
Rússia (Euro Sibéria) e assente numa política de potência.
2. Abandono radical do terceiro-mundismo, verdadeira miopia
etnomasoquista, caprichos de jornalistas mal informados e complexados pela
hipocrisia ética da esquerda.
3. Opor-se hoje às intenções hegemônicas do estado
americano, mas nunca esquecendo que o objetivo a longo termo é uma
solidariedade. Não ocidental (esta palavra nada significa e pertence ao arsenal conceitual da velha direita), mas aglutinadora de todos os povos brancos de
origem europeia do Mundo, incluindo os EUA, a Austrália, a Argentina e outros,
povos estes que enfrentam globalmente a mesma ameaça.
Acrescentarei evidentemente a importância do imperativo
ecológico, na condição de o formular devidamente de uma maneira que não seja
romântica e passional de um modo geral. Resumo num livro, que será editado em março
de 2001, “Pourquoi nous combatons", os pontos essenciais desta visão
ideológica, filosófica e política do mundo, que sucede à da antiga ND, como
segunda etapa do combate em relação à primeira. A primeira etapa teve a sua
importância, ela foi essencial, é preciso prestar-lhe homenagem, não me
arrependo de nada, simplesmente ultrapasso-a pois o importante é estar sempre à
frente, subir mais alto. Afinal não é isso que está inscrito na tradição
prometaica dos europeus? Muito agradecidos à ND, ela teve o seu tempo. Como
canta Sheila, "a escola terminou". Agora, tal como dizia o meu poeta
preferido, Paul Valéry, "o vento foi-se, é preciso tentar viver. E de
vencer!".
Outra reviravolta de posições. Com a retoma da Intifada,
parece que uma parte razoável do meio nacionalista nutre mais simpatia para com
a entidade sionista que para com o movimento de Libertação Nacional
Palestiniano. Qual é a sua posição acerca desta questão?
Eu defini a minha posição quando de um colóquio em Bruxelas
e em mais dois outros, em Madrid e em Roma, onde essa questão me foi colocada.
A minha resposta é clara: nós não temos que tomar partido no conflito entre
hebreus e palestinianos. Não nos podemos deixar instrumentalizar num conflito
interno entre povos do deserto. As querelas de beduínos não nos interessam. O
romantismo pró árabe tal como o apoio americano-ocidental a Israel, são as
causas que nos desviam das questões realmente europeias. Além disso, a
médio/longo prazo o bunker Israelita, devido à questão demográfica, estará em
apuros, apesar do apoio americano. Sobre este assunto muito importante
remeto-vos para um artigo que publiquei num número da revista Terre et Peuple,
de Pierre Vial.
É preciso que seja bem entendido, que se tenha perfeita
consciência que os Palestinianos (assim como os Tibetanos, de que ninguém fala)
são vítimas de uma brutal agressão. Mas, eles, será que nos apoiam? Cada um na
sua casa, e não raciocinemos nunca de forma moral, mas de modo político e
cínico. A partir do momento que o Islã decidiu abertamente invadir a Europa,
não vejo razão para defender os seus mártires no próximo-oriente. Quanto ao
sionismo, ao destino do povo judeu, etc., sou tão indiferente como em relação
aos índios unnuits, aos patagônios, ou aos... palestinianos. Os Hebreus são
suficientemente fortes para se defenderem a si próprios, e contar com a ajuda
(que não será eterna) dos seus protetores americanos. Nós não temos que tomar
partido nem pelo sionismo, nem pelo Pan-arabismo. Não nos vamos intrometer
nessa querela familiar. Eu sou partidário do egoísmo etnopolítico: a cada um o
seu problema.
O que me diferencia de facto do meu caro amigo
Jean-Edern-Hallier, e que provoca entre nós discussões apaixonadas, é que ele é
partidário da causa dos povos, de todos os povos, e eu, defendo acima de tudo a
causa do meu povo. Nesse sentido, um israelita, bem como um palestiniano
estarão de acordo comigo não?
Por ocasião do seu processo, os militantes da Unité Radical (organização Identitária interdita pelo governo francês em 2002, NdT) enviaram por escrito ao seu editor propostas para pôr em prática uma campanha nacional em seu favor. Eles não obtiveram sequer um sinal de recepção das mesmas. Pode-se concluir que os radicais não têm lugar nos seus comitês de apoio?
De todo. Simplesmente o processo não terminou por que se
entrepôs um recurso. Uma campanha não pode em caso algum intervir antes de um
primeiro julgamento. É um problema militar: a contraofensiva deverá efetuar-se
mais tarde, no momento em que este processo seja definido pelo recurso, não
tendo ainda uma data fixada. Uma campanha em meu favor deverá ser coordenada muito
habilmente. Eu comecei a guerra, e arrisco-me bastante, vocês bem o sabem: não
sou um desses intelectuais burgueses que contam os seus périplos por Veneza e
os seus jantares finos, de pantufas calçadas, domésticos que se imaginam
aristocratas rebeldes e que frequentam lugares mal afamados. Como tal, os
radicais têm perfeitamente o seu lugar no meu futuro comitê de apoio. É preciso
simplesmente, a devido tempo organizar uma coordenação, sem iniciativas
incontroladas e com a minha aprovação, com um plano de ação bem refletido.
Encontram-se nos seus livros bastantes teses defendidas
noutros tempos por Francis Parker Yockey e Jean Thiriart. É uma coincidência ou
é você tributário ideológico deles?
Eu li “Imperium” de Yockey. Conheço muito bem as teses de Thiriart.
Trata-se de uma convergência e não de inspiração. Eu não tenho outro inspirador
ideológico, mestre de pensamento, que Nietzsche (e talvez também Giorgio
Locchi). Thiriart e Yockey? Partilho das suas visões das coisas a cem por
cento, nomeadamente a Euro Sibéria etnocentrista (primeiro círculo) e a
organização mundial das elites conscientes Europeias (segundo círculo). A sua
observação é pertinente, pois com Yockey e Thiriart sinto-me no mesmo mundo,
aquele da aplicação do preceito de vontade de poder Europeu e como tal, de
resistência.
Para terminar, pode-nos falar dos seus projetos?
Concretamente:
Continuar a progressão de subscrições do meu boletim mensal
de desintoxicação ideológica “J’ai tout compris!” que, ao fim de sete meses, é
já um grande sucesso. E, se for possível, transformá-lo num mensal para o
grande público amplamente difundido.
Após o meu livro “Pourquoi nous combattons. Manifeste de la
résistance Européenne”, que será publicado em março pela L’ancre e que será em
parte um dicionário ideológico de 177 conceitos chave no nosso meio, tenho em
vista dois outros livros que serão editados um pouco mais tarde, destinados ao
grande público. Além disto, participo também num projeto de web-tv e web-radio
bastante sulfuroso e corrosivo. Se isto for avante, vamos divertir-nos imenso.
Continuar as minhas conferências e colóquios em França e na
Europa e aprofundar a minha colaboração com todas as boas vontades, sem nenhuma
em particular. Seria bom inspirar uma rede de resistência europeia onde se reagrupem
todas as forças em torno de ideias claras e sólidas, uma rede criativa e
solidária, desprovida de quezílias de capelinhas, sem guerras de centuriões,
federando de maneira flexível e orgânica todos os resistentes. Basta de
sectarismo, cada um tem o seu lugar, seja ele quem for salvo evidentemente
aqueles que se equilibram na ponta dos pés no mel ideológico do sistema. Além
disso deve-se evitar a provocação extremista desastrada (a polícia ideológica
não deseja senão isso) que é o inverso do pensamento radical. As estratégias
políticas, metapolíticas, associativas, individuais, midiáticas são todas bem
vindas se elas se coordenarem de modo proteiforme. Exatamente como fazem os
nossos inimigos. Trata-se, naquilo que me diz respeito, de incitar à criação de
uma rede europeia de agit-prop. Será que é pedir muito? Eu não serei o
organizador, simplesmente o inspirador, o instigador. O meu projeto não é
intelectual ou filosófico, nem se trata de uma placreado snob sobre a verdade,
mas de fornecer as munições ideológicas e políticas concretas àqueles que
resistem e que se batem pelo nosso povo, que tenham razão ou não. Admiro o
adágio inglês “wrong or right, my people” (certo ou errado, é o meu povo).
Agradeço-vos esta entrevista. O vosso corajoso combate é o meu.
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