Rumo à Laocracia
Por Alexander Dugin
Laocracia é um termo político que signifca “governo do povo”, basicamente uma autentica “democracia direta”. Tendo sido popularizado inicialmente pelo partido comunista grego, substituindo o termo democracia. Pois para eles, a palavra refere-se ao antigo governo da classe social dominante, que lideravam homens livres formando o demos, na República ateniense representando uma minoria enquanto os escravos eram a maioria da população.
Nesse sentido, a democracia é considerada pelos comunistas gregos como referindo-se ao governo da minoria elitista, que se mantem no poder por meio do representativismo parlamentar, enquanto a laocracia seria uma democracia direta, exercida pelo próprio povo que também terá contato direto com o líder popular.
São exemplos de formas de Laocracia, o populismo socialista russo ou narodnismo, o Fascismo Italiano e o Volkismo nacional socialista alemão. E seguindo essa lógica laocratica, segundo a quarta teoria política fundamentada pelo cientista político russo Aleksandr Dugin e o historiador grego Dimitri Kitsikis, que ajudaram a popularizar o termo, também defendem que "o estado deve se tornar um instrumento do povo”.
Sob
o capitalismo, os capitalistas governam. Sob o socialismo, são os
representantes da classe trabalhadora, o proletariado, que governam. Sob
o nazismo e o Fascismo, governa a elite nacional ou racial. Sob a
Quarta Teoria Política, quem deve governar é o Povo (“Narod”, em Russo,
semelhante ao “Volk” alemão: não a mesma coisa que “população”).
A
Rússia moderna possui capitalismo. Portanto, ela é governada por
capitalismo e portanto não o Narod. Para construir a Rússia na qual
governará o “Narod”, é necessário concretizar uma revolução
anti-capitalista (ou, ao menos, anti-oligárquica). Magnatas financeiros
deveriam ser excluídos do poder político. E isso é o central. Todos
devem escolher – poder OU dinheiro. Escolha o dinheiro - esqueça o
poder. Escolha o poder – esqueça o dinheiro.
A revolução deve se concretizar em três estágios:
1.
Ultimato a todos os grandes oligarcas (uma centena tirada de uma lista
da Forbes e mais outra centena que se esconde, mas que todos sabemos
quem são) para que jurem lealdade aos ativos Russos (todos ativos
estrangeiros e nacionais estratégicos serão agora controlados por corpos
especiais).
2. Nacionalização de todas as propriedades privadas de importância estratégica.
3.
Transmutação dos representantes patrióticos do grande capital para a
categoria de funcionários com a transferência voluntária da sua
propriedade para o Estado. Eliminação dos direitos civis (incluindo aqui
o fim do direito de voto, participação em campanhas eleitorais, etc.)
para aqueles que preferirem preservar o capital em escala não
estratégica, mas significante.
O
Estado deveria se tornar o instrumento do Povo. Esse sistema deveria se
chamar, dessa forma, Laocracia, literalmente, “poder do Povo (“Laos” é
“povo” em grego).
Na
sangrenta batalha pela Ucrânia, nós vemos a verdadeira face do capital –
o grande negócio ucraniano (oligarcas como Poroshenko, Kolomoisky,
Akhemetov, etc.) lideram o genocídio contra o Povo; oligarcas russos
traem o povo ao se engajarem em um acordo criminoso com seus
companheiros de classe ucranianos. E tudo isso seguindo os interesses da
oligarquia global – o sistema capitalista mundial, centrado nos Estados
Unidos.
Isso agora expõe toda a incompatibilidade da Russia e do capitalismo. É ou o capitalismo ou a Rússia.
Isso
é perfeitamente compreendido pelos líderes da Nova Rússia. Eles, por
estarem à vanguarda de todo o Povo Russo, começaram de fato essa
Revolução do Povo Russo. Esse é o porquê de serem eles quem tão
furiosamente atacam tanto os devotos mercenários da Junta nas fileiras
de porcos fascistas ucranianos quanto os elementos capitalistas liberais
nas quintas e sextas colunas da Rússia. E, mais importante, eles se
tornaram inimigos existenciais do governo mundial e dos EUA. Strelkov,
Gubarev, Purgin, Pushilin, Mozgovoy – todos eles desafiaram o capital
global. E eles o fizeram em benefício do Povo. Nesse caso, em benefício
do Povo Russo. Mas se os apoiadores do povo ucraniano fossem coerentes,
eles seriam aliados dessa revolução, e não meros capatazes do capita
global – como eles o são agora. Voltando-se ao lado da Nova Rússia, os
ucranianos se voltam não tanto para a Rússia, e nem mesmo para o lado
russo, mas ao lado do Povo, o Povo como letra maiúscula, que luta uma
batalha mortal contra o mundo do capital, ao lado, enfim, da Laocracia.
Dessa
forma, a campanha que está para vir contra Kiev não será apenas uma
vingança ou uma campanha de liberação das antigas terras russas, ela
será uma campanha em favor da Laocracia, do poder do Povo, para um
Estado do Povo.
Eu
não acho que a oligarquia russa apoiará isso, ela não pode deixar de
entender que seus dias estão contados. Esse é o motivo pelo qual ela
grita tão histericamente “não mandem tropas”, já que a vitória da Nova
Rússia significará inevitavelmente a ressurreição da própria Rússia, o
despertar do Povo. Essa é a razão para as tentativas desesperadas de
trair a Nova Rússia - essa é agonia da oligarquia russa e seus capatazes
públicos. Sua tarefa é destruir os heróis da Revolução da Nova Rússia –
que é não apenas Popular, mas também social – e destruí-la enquanto
ainda é um botão de flor.
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