A Linguística dos Indo-Europeus e Semitas
Dispersões Linguisticas
As línguas do mundo moderno estão divididas em várias famílias,
incluindo as indo-européias, que vão do sânscrito e persa, em um extremo, ao
grego, latim, francês, alemão e inglês, no outro. A palavra "pai"
("pater" em latim, "pitar" em sânscrito), por exemplo, é
pronunciada de maneira semelhante nas línguas do grupo. As mais antigas formas
escritas do indo-europeu são textos do 2º milênio, da Grécia, em micênico
Linear B, e da Turquia asiática (Anatólia), escritos por povos como os hititas
e luvitas. Há ainda referências esparsar em textos contemporâneos da Mesopotâmia
sobre a tribo Mitani, que contém nomes pessoais do indo-europeu. Pensava-se que
as línguas indo-européias haviam se difundido pela Europa a partir das estepes,
no 3º milênio a.C. . Mas agora acredita-se que os primeiros agricultores da
Europa falavam essas línguas.
A disseminação da agricultura na Europa tomou dois caminhos.
A sudeste, nas planícies centrais e nos vales dos rios Danúbio e reno, grupos
de agricultores se deslocaram pelos vales e montanhas trazendo a nova economia
e língua. Talvez no 5º milênio a.C. o indo-europeu já fosse falado em uma
grande faixa da Europa, dos Bálcãs aos Países Baixos e a bacia parisiense.
Porém na maior parte da Europa mediterrânea , ao sul, e a orla atlântica,
incluindo a Grã-Bretanha, a oeste - a agricultura talvez tenha sido adotada sem
grande deslocamento de povos. Durante o período Romano - ou bem antes - todas
essas áreas também falavam principalmente o indo-europeu. Deve ter havido uma
disseminação secundária do indo-europeu da Europa central para o norte, sul e
oeste, provavelmente no 3º ou 4º milênio
a.C. quando inovações importantes se difundiram a partir da Europa Oriental e
Central (veículos com rodas, arado, metalurgia do cobre e o uso do cavalo).
Os contatos precisavam garantir o suprimento dessas e outras
mercadorias e isso deve ter estimulado a adoção das línguas indo-européias na
Europa Ocidental. A sobrevivência prolongada até bem pouco tempo da língua dos
pictos, no norte da Escócia, e do basco atual, no nordeste da Espanha e sudeste
da França, pode representar os últimos vestígios das línguas originais não indo-européias
da Europa Ocidental.
Existe uma diferença fundamental entre o grupo indo-europeu
ocidental, com uma vida agrícola estável como agricultores europeus, e um grupo
indo-europeu oriental, cujos membros se estendiam amplamente pelas estepes e
áreas semidesérticas e que participaram da expansão dos povos arianos no Irã e
dos indo-arianos na Índia. Alguns estudiosos argumentam que habitantes das cidades
dos Indus, como de Mohenjo-Daro e Harappa, já falavam a língua indo-ariana, mas
a maioria acredita que o indo-ariano chegou à Índia algum tempo depois que
essas cidades foram abandonadas, no início do 2º milênio a.C.. Para o leste, os
membros do grupo indo-europeu que foram mais longe alcançaram o Turquestão
chinês, onde o idioma conhecido como o tócaro foi escrito no século VIII. O
indo-europeu se disseminou ainda pelo oeste. Assim, durante o 1º milênio a.C.,
grupos conhecidos como cimérios, citas e sármatas forçaram as fronteiras do
leste europeu e entraram pelo Cáucaso e noroeste da Anatólia. Muitos elementos
da arte iraniana foram transmitidos dessa maneira, bem como formas aprimoradas
de arreios para cavalos.
Os ramos oriental e ocidental do indo-europeu estão hoje
separados geograficamente por uma cunha de línguas do Extremo Oriente,
disseminadas em períodos posteriores de expansão e migração pelas estepes.
Antes do nascimento de cristo, as estepes foram denominadas por tribos indo-européias;no
milênio seguinte, várias tribos da região dos Montes Altai, na Mongólia, também
adotaram o meio de vida nômade e se deslocaram para oeste. os primeiros a
chegar na Europa foram os hunos, seguidos pelos seus parentes, os avaros;
depois vieram tribos turcas conduzidas pelos Khazares. As tribos que chegaram á
Europa foram expulsas ou assimiladas pelos indo-europeus do grupo eslavo, mas
quando outros turcos seljúcidas se apropriaram do que restou do Império
Bizantino, no Oriente Próximo, interrompeu-se a corrente de línguas aparentadas
da Europa à Índia.
Na zona de civilizações urbanas, nos flancos meridionais dos
montes Tauros e nos rios que daí correm, houve interação semelhante entre áreas
povoadas e áreas semidesérticas, produzindo outra série de relações
linguísticas que chegou à Arábia e se estendeu pela África do Norte. A
distribuição das línguas semíticas reflete o caráter nômade da vida nessas
áreas. As primeira comunidades urbanas dos sumérios, no 3º milênio a.C., não
eram semitas, mas seus vizinhos e sucessores do 2º milênio (acádios e assírios)
representam o ramo semítico do nordeste. A noroeste, na costa levantina e áreas
adjacentes, estavam os canaanitas urbanizados, incluindo os arameus e hebreus, enquanto a sudeste encontrava-se o principal
grupo de língua hamítica da civilização egípcia e a sudeste os árabes nômades,
que posteriormente levaram a cultura e a religião islâmica do Atlântico ao
Índico.
No 1'º milênio a.C.,
língua e cultura semíticas foram levadas além da área semi-árida do Oriente
Próximo, através da expansão marítima pelo Mediterrâneo. Ainda na Idade do
Bronze, no fim do 2º milênio a.C., a costa levantinas e destacara como
importante área mercantil e no início do 1º milênio a.C., os fenícios expandiram
sua rede de comércio, estabelecendo colônias distantes de sua terra natal. Os
gregos, recuperando-se da idade do obscurantismo pós-micênico, seguiram os
fenícios de perto, causando rivalidade comercial e militar. Dos portos
levantinos de Sidon e Tiro, os fenícios navegaram além da rede colonial grega
no Mar Egeu e Adriático, fundando as cidades de Cartago em 814 a.C. e Utica na
costa norte da África e Cádiz na Espanha. Foi o poder marítimo destes semitas
que os romanos encontraram nas colônias do oeste do Mediterrâneo, durante as
Guerras Púnicas, entre os anos 264 e 146 a.C..
Fonte: https://agrandehistoriadohomosapiens.blogspot.com/2020/05/a-linguistica-dos-indo-europeus-e.html
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